domingo, 29 de maio de 2011

As leituras de bordo

Durante a viagem de navio, as horas dividem-se entre reais e imaginárias.
Sem uma rotina familiar que nos guie, tanto podem ser treze horas quanto quinze e trinta. Um cochilo de quatorze minutos contados, podem render até uma hora no relógio. Muito estranho, o passar do tempo.


A vantagem é que nesse limbo, pode-se ler uma biblioteca. Não cheguei a tanto, mas acabei com tudo o que tinha em mãos e era passível de ser lido.


Os livros terminaram ainda faltando três dias.


Então, comecei a escrever minhas impressões sobre eles e a resumir alguns capítulos específicos.
Com o cair da tarde, o pensamento vagava para lugares distantes e as leituras se tornavam impossíveis.


Restavam as alegrias do pôr-do-sol, da noite iluminada por uma lua imensa e muito clara, e a procura pelo cinturão de Órion.

Uma súbita e inesperada chuva


De repente, o tempo virou. Ventou. Choveu. Tudo ficou de uma beleza triste.

Museu da Independência em Assunção

No ano de 1811, sem que houvesse uma só gota de sangue derramando, o Paraguai declarou-se nação independente, negando-se a fazer parte da Confederação das Províncias Unidas,que tinha em Buenos Aires sua sede e agregava as antigas colônias do Vice-reinado do Prata.
Evidentemente, esse ato foi contestado pela Argentina, que só reconheceu a independência no ano de 1852, mas foi prontamente apoiado pelo governo brasileiro, que não via com bons olhos a proximidade de invasores mais poderosos rondando suas fronteiras, principalmente aquelas próximas ao estado de Mato Grosso do Sul.
O Museu da Independência guarda as relíquias daquela época e funciona numa antiga residência, de arquitetura colonial, datada de 1772.


Com paredes de pedra espessas,caiadas em branco, portas e janelas amplas, pé direito duplo, um pátio interno típico, para onde se abrem a maioria das salas. Abrigou inúmeras reuniões secretas, para conspirar contra o governo espanhol.
Logo na entrada, um mosaico de azulejos nos dá uma idéia de como era Assunção colonial.


Em seguida, podemos visitar o interior da casa e apreciar suas mobílias, lustres e objetos de uso cotidiano.



Dentre as curiosidades, estes pentes e mantilhas, usados pela dona da casa.


E também essa pequena escultura de São Inácio de Loyola, fundador da Ordem dos Jesuítas, em estilo barroco.


O curioso não foi tanto a imagem, mas a descrição na plaqueta ao lado da obra, que ao contrário do que preconiza a história oficial brasileira, considera os nossos bandeirantes uns verdadeiros criminosos.


Para aqueles que quiserem repetir essa experiência, segue o endereço do local:

Rua 14 de mayo esquina com Pte. Franco, tel. 595 (21) 493-918. De seg. a sex., das 7h às 18h30; sáb., das 8h às 12h. Entrada grátis.

Taberna Espanola

Fui com uma amiga conferir a paella marinheira do Taberna Espanola. Fica em uma casa assobradada, proxima à àrea portuária de Assunção.



Após subirmos o lance de escada, nos deparamos com um lugar realmente especial.

É preciso um tempo para a vista se acomodar, uma vez que ficamos realmente perdidas com o excesso de informação. Não há um só milímetro de parede que não estivesse coberta por frases, além das inúmeras conchas pendentes do teto!


Mas o que importa é a comida, então vamos à ela: pedimos de entrada uma tortilla de batatas, que estava maravilhosa!


E a tão esperada paella foi realmente um espetáculo à parte. Os camarões enormes e rosados, a lula cozida no ponto certo e os mariscos grandes e frescos. Para acompanhar, claro, uma jarra de sangria...


Apesar do cardápio dizer que era para duas pessoas, não conseguimos comer a metade e ficamos chateadas por abandoná-la lá, uma vez que os frutos do mar estragariam rapidamente com o calor que estava fazendo, caso resolvessemos levar uma quentinha...
Mas a grande surpresa mesmo foi a conta. Em reais deu para cada uma o correspondente a pouco mais de quarenta reais. Tá brincando? Por isso que eu adoro viajar pela América do Sul!


Ayolas 631, Asuncion, Paraguay
(021) 441 743

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Um dia das mães diferente

Como estava longe de casa, não passei o dia das mães com minha família. Foi um dia solitário, mas nem de longe foi triste. Acordei cedo e tomei café, deixando em paz minhas companheiras de quarto, que chegaram tarde na noite anterior. Eu tinha um dia de folga inteirinho pela frente. Então proponho que acompanhem meu itinerário, enquanto as fotos possam representar os meus olhos...


A madrugada do dia 14 para 15 foi animada na cidade de Assuncão, pois era a noite do amanhecer para a independência. Mas acontece que eu durmo cedo. Além disso, gosto de ver os noticiários e nem acho adequado sair à noite para outra coisa que não seja jantar. Em outras palavras, sou chata pacas.
Por isso, resolvi fazer um programa que elas não gostariam, com toda a certeza.
Fui ao Museu da Independência, que merece um relato mais detalhado, em seguida caminhei pelas ruas vazias do centro histórico.


Era uma bela manhã ensolarada e quase tudo estava fechado, pois era feriado nacional. Mesmo assim, fui até a Plaza de la Independencia, tirei várias fotos.


Logo em frente, estava o Las Manzanas, um centro cultural que eu já havia visto logo no primeiro dia, mas estava lotado de gente e a turma com fome não encontrou local para sentar.



Tirei uma foto na árvore que encontrei no pátio, pois achei no mínimo curioso todos os galhos ostentarem fitinhas com as cores da bandeira paraguaia. Puro natal!



Por sorte, desta vez estava aberto e quase vazio. Assim, pude apreciar com calma a exposição de arte.


Na volta, me deparei com esta bela casa, que parecia abandonada:


Não resisti e tirei várias fotos...


É um belo exemplo de arquitetura art-nouveau perdida no centro de Assunção. Por uns instantes parecia que eu estava em uma daquelas ruazinhas escondidas de Paris!
Por volta de meio dia resolvi almoçar. Então resolvi conferir um restaurante que ficava perto do hotel e que meu marido recomendou.
O Bolsi, fundado na década de 60, continuou com seu charme original. Fiz uma viagem no tempo!




Pedi um surubim com molho de curry que estava muito bom, mas achei dispensável a guarnição com massa e também arroz.


Mas a grande surpresa foi mesmo a passeata de carros antigos que passou bem diante da minha janela.




De volta ao hotel, minhas companheiras estavam acordando e resolvemos ir ao shopping del sol, onde passamos o resto da tarde.


Só que na volta, decidi que a única coisa que eu gostaria de fazer era voltar ao Paseo Carmelitas e repetir o maravilhoso drink da noite anterior e em seguida jantar no Chandon, um restaurante japonês.
Fui sozinha. E não me arrependi.




Estrategicamente sentada em uma pequena mesa na varanda, pude observar o movimento, repleto de mulheres bem arrumadas, bem vestidas, maquiadas e todas fumando muito. Acho que era área de fumantes.Muitas famílias, casais e jovens em grupos de amigos.
Ao final, ainda recebi um presentinho pela data! Belo fim de noite. Estes vão para a minha mala:


De volta aos taxistas malucos, meu pai...

O Paseo Carmelitas/ El Bar



Em um quarteirão repleto de lojas, barzinhos e restaurantes, o Paseo Carmelitas é uma opção interessante para encontrar gente bonita,para ver e ser visto na cidade de Assunção. Para sair em turma para jantar, comer uma pizza, beber algo ou simplesmente tomar um sorvete no Freddo.As fotos que divido em seguida, são dos arredores, vitrine e afins.




A turma escolheu o El Bar e não nos arrependemos.


O local era moderno, estrategicamente posicionado de frente para a rua e contava com uma maravilhosa carta de bebidas e coquetéis, que fizemos acompanhar das famosas picadas, que é como são chamados os petiscos locais, que tanto podem ser bolinhos, como pedacinhos de carne e lingüiça, ou qualquer outra coisa.


O cardápio parecia um jornal. Dele transcrevo uma coluna que achei interessante:

“Me escribe un lector y quiere saber si conozco algo de etiqueta.
Sin esperar que me conteste me tira uma pregunta: Quién paga La cuenta despúes de una buena mesa? Me dice que quiere invitar a comer a uma amiga y quiere impresionarla. Me insinua el lector que no cuenta com mucho dinero y por este motivo pide la aclaración sobre quién se encarga de la factura. Te contesto.
M: La cuenta La pagarás tu.
No por alguna regla de etiqueta que en estas cuestiones de etiqueta manda siempre lo aprendido en el ethos del gusto, aunque poco fuera. Pagarás la cuenta porque la intuición me dice que la amiga a que te refieres es más que una amiga. Cuando una mujer es más que amiga, el mundo gira más rápido, lo indebido se vulve debido, las razones dejan de clamar un lugar al sol, y las cuentas y el pato paga el corazón. Aunque no puedas, si te falta lo que no tienes, dile a tu amiga que Iran a outro lugar. Para comer, si, por supuesto, pero más que esto, para que La amiga deje de ser amiga y se vuelva epicentro de cualquier locura, personaje de toda insensatez, esencia de preguntas como ésta que me pones em um comienzo. Te contesté?”
(Autor: Tito Caro)

A conversa estava tão animada, que em pouco tempo o local estava repleto de gente, sem que nossa mesa de amigos se desse conta. Infelizmente, após dois Cosmopolitans, eu não me lembrei de fotografar mais nada. Só o fundo do meu copo...


O jeito foi voltar de taxi para o hotel. Aqui deixo minha segunda dica: cuidado com os taxistas, muitos deles são malucos desvairados, e você chega a acreditar que vai atropelar alguém. Isso sem mencionar a situação do interior de muitos veículos...mas isso já é um outro assunto!

Comemorações em Assunção

A oportunidade de participar do Bicentenário da Independência do Paraguai foi muito especial. Fazer parte desse momento histórico, misturando-nos aos festejos locais, fez com que pudéssemos ver além da dimensão política e apreciar mais de perto os aspectos sociais e culturais...




As ruas estavam completamente enfeitadas e por todos os lados, nos prédios, restaurantes, bancos, distribuiam-se broches com as cores da bandeira.
Belo e patriótico.





Famílias inteiras saíram para prestigiar as diversas apresentações que ocorriam, concomitantemente em vários lugares da cidade.


Mesmo ao cair da tarde, e noite adentro, as ruas permaneceram lotadas...






Foi uma festa maravilhosa, feita por um povo encantador.