Depois de cumpridas suas obrigações pessoais, para com a sociedade, a família e sabe-se lá mais com o quê, chega a hora do dia (ou da madrugada) em que sua sala lhe pertence, no mais absoluto silêncio. Nessa hora, em determinada poltrona, abre-se um livro e...
domingo, 2 de maio de 2010
Tenho andado encantada com a cadeira de História Cultural, sonhando com o dia em que terei tempo de sobra para ler todas as obras desejadas, em especial as de Peter Burke, principal historiador cultural de nossa geração, de quem comprei o livro O que é Hist´ria Cultural, da Jorge zahar Editora. Mas o trecho abaixo é de outro livro, e de outra autora,com os devidos créditos ao final da leitura, a quem destaquei por ter amado o seguinte pensamento:
" (...)Tanto as sociedades arcaicas quanto as modernas, contemporaneas, tecnologizadas possuem seus sistemas imaginários de representação, a construírem verdades,certezas, mitos, crenças. Todos os homens vivem, diz Boia, ao mesmo tempo, em um mundo prosaico, das coisas do cotidiano, e em um mundo do fabuloso, do desejo e do sonho. O que é certo, assevera Boia, é que nenhuma sociedade vive fora do imaginário e que é uma falsa questão separar os dois mundos, o do real e o do imaginário.
Sabe-se, contudo, que nem sempre foi assim e que, por longo tempo,o imaginário esteve relegado ao mundo da fantasia, da ilusão, do não real, da não-verdade, do não-sério. Contribuíram para isso como é possível entender, o advento do racionalismo cartesiano do século XVII, seguido pelo cientificismo das Luzes para prolongar-se pelo século XIX, animado pelo cientificismo, pelo evolucionismo e pelo progresso. Em pleno século XX, tanto o marxismo quanto o pensamento de Sartre colaboraram para acentuar a distinção entre o chamado mundo do real e aquele do não-real ou imaginário. Diante da pureza do conceito, na sua capacidade de realizar abstrações sobre o mundo, Sartre colocava a imaginação como um degrau inferior do pensamento.
É, verdadeiramente, com o advento da História Cultural que o imaginário se torna um conceito central para a análise da realidade, a traduzir a experiencia do vivido e do não-vivido ou seja, do suposto, do desconhecido, do desejado, do temido, do intuído. "
Trecho extraído do livro: Históra e História Cultural, de Sandra Jatahy Pesavento.
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