A segunda obra que mais gostei foi Apolo e Dafne, esculpida entre os anos 1622 e 1625 e ocupa sozinha o centro de uma grande sala na Galleria Borghese. A melhor palavra para descrevê-la estaria num meio termo entre a poesia e o encantamento.
Antes de Bernini, nenhum outro artista ousou esculpir a estória de Apolo e Dafne em mármore devido a sua complexidade.
Em seu livro "Metamorfose", Ovídio nos conta do amor de Apolo pela ninfa, após uma certeira flechada de Cupido. Mas Dafne representa a castidade e ao sentir sua impetuosa presença, invoca auxílio divino, transformando-se em uma árvore. Em um loureiro.
O instante dessa metamorfose é representado pelo mestre. A ninfa está transfigurando-se frente ao olhar do expectador e de um perplexo Apolo, em pleno movimento de captura. Seu dorso está parcialmente recoberto pelo tronco de uma árvore, enquanto seus dedos das mãos transformam-se em galhos, seus pés viram raízes e seus cabelos folhagens. O drapeado dos tecidos reforçam a idéia de movimento.
A obra não deixa espaço para moralismos, é eminentemente sexual, inapropriada diria, para decorar a vila do Cardeal Borghese e competir com as inúmeras outras esculturas que adornam a residência.
No entanto, foi considerada como sendo o retrato do triunfo da castidade sobre o desejo...
Em sua base, inscrições de versos latinos de Matteo Barberini a respeito dos prazeres carnais.
Curiosidades a respeito da obra:
A figura clássica de Apolo foi inspirada no famoso Apollo Belvedere dos museus do Vaticano.
Um único bloco de mármore foi utilizado para esculpir as duas figuras e a base. No entanto, Bernini teve um colapso nervoso ao perceber pequenas imperfeições na pedra, que apareceram enquanto ele estava trabalhando. Pequenas manchas escuras podem ser observadas na escultura, uma delas bem notável no nariz da ninfa.
Muito bom o texto!!!
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