Depois de cumpridas suas obrigações pessoais, para com a sociedade, a família e sabe-se lá mais com o quê, chega a hora do dia (ou da madrugada) em que sua sala lhe pertence, no mais absoluto silêncio. Nessa hora, em determinada poltrona, abre-se um livro e...
sábado, 6 de setembro de 2008
Uma certa viagem
Comprar um bilhete aéreo para qualquer lugar do planeta, exige antes de mais nada, certo desprendimento. Não apenas financeiro, como também, de certas convenções que se prestam a fazer com que permaneçamos sempre atrelados a uma série de obrigações.
É preciso ter coragem para dizer adeus ao chefe e colegas de trabalho e ter a certeza de que ao voltar, não seremos vítimas de pequenas surpresas, tais como ver seu nome indicado para alguma situação em que não estando presente, não teve como defender-se. Isso é mais comum do que se imagina.
Além do que, caminhar longe da segurança de seus domínios, sem estar cercada de seus próprios móveis e coisas, pode ser viciante.
O desapego contínuo pode acabar revelando que temos muito mais do que julgávamos necessário, ou pior, que aquilo que chamávamos de "nossas coisas" deixaram de ter sentido.
A súbita compreensão de que as muitas coisas que acumulamos ao longo dos anos e que hoje coabitam à volta de nossa existência, parecem não mais nos pertencer, é assustadora.
Longe dos meus habituais sapatos, temo descobrir que necessito de novos caminhos. Sem qualquer um de meus seletos objetos, afasto-me aos poucos da lembrança do presente, que escolhi.
A compra de um bilhete aéreo, convida o viajante a uma auto-visita, em país estrangeiro. Aos amigos que me perguntam, recomendo que embarquem, para terem no regresso, a certeza de que estiveram sempre no lugar desejado, nas cidades e nos apartamento corretos. Só assim a rotina dos dias não lhes será pesada.
Boa viagem!
Márcia Taube
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