“Desejo dizer que há gente que não acredita em amor à primeira vista. Outros ao contrário, além de acreditar, afirmam que este é o único amor verdadeiro. Uns e outros têm razão. É que o amor está no coração das criaturas, adormecido, e um dia qualquer ele desperta, com a chegada da Primavera ou mesmo no rigor do Inverno."
Minha avó recebeu uns parentes de Belo Horizonte para um lanche em casa. As visitas trouxeram presentes para as crianças, eu e minha irmã, que devíamos ter oito e seis anos, respectivamente.
Chocolates lingua de gato da Kopenhagen, caramelos, e o mais belo livro infantil que já tive o prazer de ler, e que ainda hoje figura entre meus preferidos: O gato malhado e a andorinha Sinhá.
Fiquei encantada com as ilustrações do gato bigodudo, de dentes arreganhados, sexuado demais para um livro infantil. A história de um gato malvado que se apaixona por uma andorinha é belíssima e cheia de passagens poéticas. Seus capítulos levam os nomes das estações do ano, e como tal, refletem os interiores dos personagens envolvidos nessa impossível história de amor.
Meu trecho favorito, engraçadíssimo, é aquele em que o gato, perdido de amor, resolve escrever um poema para a andorinha, buscando no fundo de sua alma o que dizer, faz um espetacular plágio de " a baratinha ya-yá, a baratinha yo-yo, a baratinha bateu asas e voou". É de chorar de rir.
O conto, escrito em Paris por Jorge Amado, foi feito com a intenção de presentear seu filho, no primeiro aniversário, no tempo em que ele morou lá, com Zélia Gatai. Ficou perdido entre as coisas do menino, até que o mesmo, já crescido, resolve tornar público esse escrito. Caribé fez as ilustrações originais. Um verdadeiro presente para crianças de qualquer idade. Buscando comprá-lo pela internet, para presentear o meu garoto, descobri que já foi musical e atualmente é peça de teatro em cartaz em São Paulo.
“O mundo só vai prestar
Para nele se viver
No dia em que a gente ver
Um gato maltês casar
Com uma alegre andorinha
Saindo os dois a voar
O noivo e sua noivinha
Dom Gato e dona andorinha.”
Coloco este legado de Jorge entre uma de minhas melhores lembranças literárias da infância.
Márcia Taube
NUnca li esse livro. Vou comprar da proxima vez que for ao Brasil. Afinal...nunca e tarde, ne?
ResponderExcluirPS: eu acredito em amor a primeira vista.
Bjss, Karina Kovalick