terça-feira, 18 de janeiro de 2011

TEODORA, A RAINHA-MERETRIZ

Essa história é digna de filme. Mais espantosa ainda porque real, tendo chegado aos nossos dias graças aos relatos de um historiador da antiguidade chamado Procópio de Cesaréia:

Filha de um tratador de ursos de circo, Teodora conhece em Constantinopla toda a sorte de dificuldades após a morte do pai, uma vez que o honroso cargo de Mestre dos Ursos é entregue a outro pretendente, apesar dos esforços de sua mãe, que arranjara outro marido.

Em todo o império romano, os hipódromos representavam bem mais que um simples local de lutas e corrida de cavalos. Neste espaço, o público via seu imperador e opinava em questões sociais. Era a política do pão e circo da antiga Roma, perpetuando-se no império oriental.

Junto a suas duas irmãs, a mais velha contando sete anos, Teodora apresenta-se no hipódromo para suplicar pelo cargo a seu padrasto, de forma que pudessem sobreviver, deixando a decisão para os times Verdes e Azuis que assistiam as corridas. Tais times, acabariam por tornar-se partidos políticos.

O cargo ao padrasto lhes foi negado, e essa experiência nunca seria esquecida pela futura imperatriz, que recebeu da facção verde um tratamento desdenhoso e humilhante.

Órfãs, dedicaram-se ao teatro cômico e à prostituição. Segundo o historiador, a beleza de Teodora era suficiente para que suas graças se espalhassem por todo o império bizantino, onde não lhe faltaram admiradores e também severas criticas a seu comportamento escandaloso e libertino. Relacionou-se com homens nobres e poderosos, mas também com os das classes menos favorecidas, não fazendo distinção alguma de seus favores.

Foi amante do governador de Pentápolis, Hecébolo, com quem teve um filho. Mas por pouco tempo. Logo, a união desandou sob suspeitas de infidelidade e vida desregrada de Teodora, que se viu na extrema miséria na cidade de Alexandria.
O menino ficou aos cuidados do pai, na Arábia. Muitos anos depois, em seu leito de morte, um segredo seria revelado: o pai lhe contaria que ele era filho de uma grande imperatriz. Reza a lenda que o rapaz foi até o encontro de Teodora, mas esta temendo expor-se mais ainda de forma negativa, teria mandado mata-lo.

Em sonhos, a futura imperatriz ouvia vozes que lhe diziam que ela seria uma grande senhora, a soberana mais respeitada de todos os tempos. Guiada por estas vozes, volta à cidade de Constantinopla como uma nova mulher, assumindo uma vida mais regrada e decorosa, sustentando-se com o ofício de fiandeira.

Logo que conheceu o patrício Justiniano, ele se encantou por sua beleza , e resolveu protegê-la. Resolvido a casar-se com Teodora, enfrentou a mãe, aguardou a morte da imperatriz, esposa de seu tio, o Imperador Justino I que não aceitava uma ex-prostituta como membro da família. Então promulgou, em nome de seu tio, uma lei que concedia às artistas que houvessem se prostituído no teatro, o direito de casar-se, desde que estivessem arrependidas.

Ao assumir o trono de Constantinopla, o imperador Justiniano fez coroá-la na mesma cerimônia, junto com ele, dividindo assim seu poder de forma igualitária sem precedentes na história romana.

A seus pés, vieram beijar todos os homens poderosos com quem se deitara, além de todos os políticos dos partidos verde e azul, que certo dia a viram humilhar-se no hipódromo.

Teodora exerceu seu poder em diversos segmentos, não apenas opnando, mas resolvendo inúmeras questòes de Estado. Garantiu às mulheres direitos legais mais vantajosos em caso de divórcio, criou abrigos para as desamparadas, garantiu a pena de morte para casos de estrupro, entre outros feitos.

Morre  por volta dos 46 anos, sendo considerada Santa pela Igreja Católica Ortodoxa.

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