sábado, 18 de junho de 2011

Amor- Poema árabe

Quando o amor o chamar

Se guie

Embora seus caminhos sejam agrestes e escarpados

E quando ele vos envolver com suas asas

Cedei-lhe

Embora a espada oculta na sua plumagem possa feri-vos

E quando ele vos falar

Acreditai nele

Embora a sua voz possa despedaçar vossos sonhos como o vento devasta o

jardim

Pois da mesma forma que o amor vos coroa,

assim ele vos crucifica

E da mesma forma que contribui para o vosso crescimento

Trabalha para vossa poda

E da mesma forma que alcança vossa altura e acaricia vossos ramos mais tenros

que se embalam ao sol

Assim também desce até vossas raízes e a sacode no seu apego à terra

Como feixes de trigo ele vos aperta junto ao seu coração

Ele vos debulha para expor a vossa nudez

Ele vos peneira para libertar-vos das palhas

Ele vos mói até extrema brancura

Ele vos amassa até que vos torneis maleáveis

Então ele vos leva ao fogo sagrado e vos transforma no pão místico do banquete

divino

Todas essas coisas o amor operará em vos para que conheçais os segredos de

vossos corações

E com esse conhecimento vos convertais no pão místico do banquete divino

Todavia se no vosso temor procurardes somente a paz do amor, o gozo do amor

Então seria melhor para vós que cobrísseis vossa nudez, abandonásseis a ira do

amor

Para entrar num mundo sem estações onde rireis, mas não todos os vossos risos

E chorareis, mas não todas as vossas lágrimas

O amor nada dá, se não de si próprio

E nada recebe, se não de si próprio

O amor não possui nem se deixa possuir

Pois o amor basta-se a si mesmo

Quando um de vós ama, que não diga 'Deus está no meu coração'

Mas que diga antes 'Eu estou no coração de Deus'

E não imagineis que possais dirigir o curso do amor pois o amor se vos achar

dignos determinará ele próprio vosso curso

O amor não tem outro desejo se não o de atingir a sua plenitude

Se contudo amardes e precisardes ter desejos

Sejam estes os vossos desejos

De vos diluirdes no amor e serdes como um riacho que canta sua melodia para a

noite

De conhecerdes a dor de sentir ternura demasiada

De ficardes feridos por vossa própria compreensão do amor

E de sangrardes de boa vontade e com alegria

De acordardes na aurora com o coração alado e agradecerdes por um novo dia de

amor

De descansardes ao meio-dia e meditardes sobre o êxtase do amor

De voltardes pra casa à noite com gratidão

E de adormecerdes com uma prece no coração para o bem-amado

E nos lábios uma canção de bem-aventurança.


Extraído do site:
http://www.tendarabe.com/categoria/cultura/arte/literatura/poesias

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