Depois de cumpridas suas obrigações pessoais, para com a sociedade, a família e sabe-se lá mais com o quê, chega a hora do dia (ou da madrugada) em que sua sala lhe pertence, no mais absoluto silêncio. Nessa hora, em determinada poltrona, abre-se um livro e...
terça-feira, 19 de julho de 2011
A Expedição Langsdorff
Langsdorff foi um médico alemão naturalizado russo, nomeado pelo czar Alexandre I, cônsul na cidade do Rio de Janeiro, no ano de 1813.
Montou e liderou uma expedição científica, patrocinada pela Rússia, para percorrer o interior do Brasil e desbravar suas florestas. Pretendia retratar a fauna, a flora, os minerais, os aspectos geográficos, etnográficos e os costumes deste país considerado exótico que iniciava seus primeiros passos no cenário internacional.
Com o álibi de estreitar laços entre o Brasil e a Rússia, Langsdorff agiu como um verdadeiro espião de seu governo, buscando aqui produtos que pudessem ser exportados e enviados à seu país, visando os interesses econômicos russos. Diversas amostras de nossas riquezas seguiram para o exterior, dando-se a conhecer.
A expedição foi iniciada no ano de 1824, tendo como participantes não apenas cientistas mas também artistas, cujos nomes que se tornaram referência na documentação do Brasil em seus primeiros anos de império, tais como Johann Moritz Rugendas, Aimé-Adrien Taunay, Hercules Florence entre outros. Percorreram o interior de Minas Gerais e de São Paulo.
Durante o percursso, Langsdorff escrevia minuciosamente em seus diários, fartamente ilustrados, com os anexos de pinturas aquareladas. Muitas são as dificuldades encontradas para dar conta dessa missão. Enfrenta desde conflitos internos, durante os quais, Rugendas abandona a missão levando consigo todas as suas obras, além das doenças tropicais que acabam por abater a maioria dos integrantes. Taunay morre afogado em um dos rios, durante a missão. O próprio Rugendas perde sua lucidez, acometido por um mal até hoje desconhecido.
Todo o material coletado é enviado a Russia e permaneceu em segredo por aproximadamente um século, guardado à sete chaves nos porões do museu do Jardim Botânico de São Peterburgo. Tratava-se do famoso diário de bordo, bem como 120 aquarelas, além de 36 mapas.
O diário de Langsdorff foi publicado pela primeira vez no ano de 1997, pela editora Fiocruz.
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