sábado, 5 de fevereiro de 2011

Consideracões sobre Istambul

- Não é possível visitar um local como este sem se perguntar:


O que foi que houve aqui?

Como é possível haver um local em que Mesquitas e Catedrais convivam frente a frente, sem se perguntar quando e como e quem.

Observar becos e ruelas em que o tempo parou, resquícios de uma antiguidade que não passou, ao lado dos mais modernos e sofisticados edifícios construídos em aço e vidro.

Ouvir o chamado dos muezins, nos fonoclamas das mesquitas, convidando o povo às orações numa musica em que a letra é incompreensível aos nossos ouvidos, lembrando aos turistas que são turistas, enquanto que eles são o que sempre foram.

Judeus, cristãos e muçulmanos convivendo pacificamente num pedaço do mundo em que o sangue foi abundante, em sangrentos campos de batalha.

Em um esforço silencioso, ouvimos ainda os lamentos de medo, do interior das muralhas sitiadas.

Ouvimos os gritos de mouros e cruzados.

De imperadores destronados, aguardando a morte,

de quinze mil soldados com seus olhos vazados,

das crianças escravas, distantes de seus países de origem,

de uma civilização que teve inicio, meio e fim, como poucas.



Marcia Taube

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