segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

A REVOLTA DE NIKKA

No ano de 532, eclode uma revolta popular que quase muda o destino da cidade de Constantinopla. Oprimidos pelos pesados impostos com que o Imperador Justiniano contava para custear as guerras e os tratados de paz, bem como financiava as imponentes construções da mais importante cidade da Europa, o povo toma conta da cidade murada, promovendo uma matança e incendiando diversos locais, na tentativa de depor os imperadores e nomear um representante de sua classe.

O estopim da revolta teve inicio durante os jogos que ocorriam no hipódromo, em que times rivais, designados pelas cores verde, azul, branco e vermelho torciam por seus cavalos. Tais times representavam, na verdade, diversas classes sociais e funcionavam como uma espécie de “partido político”da antiguidade.

Em caso de empate, cabia a César a palavra final, e era de praxe que se favorecesse determinado grupo, o que não ocorreu naquele dia. O povo clamava por Nikka, o cavalo representante da plebe, que havia vencido por pouca diferença, mas o imperador decidiu em contrário, elegendo seu animal favorito.

A massa indignada, levantou-se e dando as costas a Justiniano, deixou o hipódromo antes do encerramento dos jogos.

Os verdes (comerciantes, artesãos, funcionários nativos das províncias) e os azuis (representantes dos proprietários rurais), uniram-se e a revolta expandiu-se feito rastilho de pólvora, por toda Bizâncio. Os revoltosos dominaram a cidade, dizimaram a guarda real e proclamaram um novo imperador.

Justiniano preparou navios para a fuga, mas foi detido pela imperatriz Teodora, que entrou para a História como uma mulher de imensa coragem.

Quem ler aqui no blog o post TEODORA- A RAINHA MERETRIZ, entenderá o porque dessa grande mulher ter se colocado a frente dos ministros e do próprio imperador, negando-se a embarcar e passando-lhes uma descompostura pela tentativa de fuga sem ao menos lutar.

Todos os relatos, livros e textos a seu respeito relatam que a imperatriz teria dito que não fugiria ainda que essa fosse a única salvação, pois quem um dia já usou uma coroa não poderia nunca sobreviver a sua perda. E que a cor púrpura, reservada aos imperadores, seria então a mais perfeita mortalha.

Justiniano não teve outra alternativa senão reagir, deixando a cargo de seu general Belisário a ofensiva.

A estratégia foi atrair para o hipódromo os revoltosos, e em seguida, trancar todas as saídas. O resultado foi uma carnificina em que quase 40.000 pessoas foram degoladas sem piedade pelas tropas imperiais.

Triunfante, Justiniano e Teodora puderam reinar de forma autocrática, como escolhidos de Deus e seus representantes na terra, apesar da revolta da Igreja católica sediada em Roma, cujo papa até então sempre fora o representante oficial de Cristo.

Até os últimos dias de sua vida Justiniano rendeu tributos a Teodora, e como sobreviveu a ela, costumava jurar pelo nome da imperatriz nas questões de grande relevância de Estado.

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