domingo, 16 de agosto de 2009

A Passagem do Século: 1480-1520.

Prezados amigos, Passei o final de semana inteiro tentando terminar a leitura do livro de Serge Gruzinski chamado A passagem do século: 1480-1520- As origens da globalização, publicado pela Companhia das Letras. Amei esse livro, que li por obra e graça da obrigação imposta pela disciplina de Historia Antiga e preciso de inspiração e tempo para resenhá-lo até o dia 20. Não tenho esse tempo, não sei o que fazer, mas vamos ao livro... Quando estudamos história, por exemplo, a idade média, temos como base os parâmetros europeus de datas, elencados os acontecimentos mais importantes numa linha de tempo que só faz sentido para os...europeus, muitas vezes ainda dentro de uma visão do século XIX. O que eu gostei nesse livro é que ele disserta a respeito de uma série de acontecimentos que ocorreram simultaneamente em várias partes do mundo, sob a ótica de cada povo. Consegue tornar claro pensamentos que só faziam sentido para o homem medieval, através da elucidação das crenças em voga naquela época. Traça pontos em comum entre civilizações distantes, tais como a idéia recorrente do apocalipse, pregadas por videntes e sacerdotes nas partes mais remotas do planeta. Discorre a respeito das viagens de Colombo, dos equívocos cometidos pelos navegadores, do que se passava no reino de Castela, continua viajando atavés do humanismo italiano, parte para a Lisboa, no mesmo ano de 1500, em que as caravelas de Cabral aportaram no Brasil acreditando estar nas Indias, parte para o império do sol revelando as particularidades conhecidas do império Inca, visita o esplendor do México-Tenochitlan, que era nesse mesmo ano, uma jovem potencia e provavelmente a maior cidade do planeta, com centena de milhares de habitantes, a catástrofe que se abateu sobre ela com a chegada dos europeus, parte para o reino da China, que no final do século xv, vivia uma crise administrativa, financeira e militar, em seguida nos conta sobre o Islã e o império Turco, desmistificando assim essa visão redutora do passado, eurocentrista. O autor demonstra como se fez essa passagem do século xv para o xvl , considerando que nessa época é que surgiu as primícias da globalização, com as viagens transcontinentais, choque de civilizações, desbravamentos, colonização e o inicio da ocidentalização do mundo. Bem, agora preciso melhorar um pouco e aprofundar tais pensamentos, parece que vou passar a noite trabalhando nisso. No proximo post, vou tentar transcrever um trecho do livro que tenho certeza que voces vão amar, pois trata da visão que os índios brasileiros tiveram dos estranhos conquistadores. Por aqui fico. Beijocas. Marcia.

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Q.A:
Por uns dias me esqueci quem eu era. Minhas necessidades urbanas se abrandaram, um pouco. Da beirada segura do navio, pude assistir a um culto religioso, com muita cantoria, em um dos domingos que passei fora. Era uma Igreja de tabuas corridas e chão batido.
Todos usavam suas melhores roupas. E se digo isso, é porque sei, pois andei olhando os varais, durante o dia. Ninguém parecia incomodar-se com a quantidade enorme de insetos. O vilarejo estava ás escuras, exceto na Igrejinha e aos poucos iam chegando os fiéis, com a Bíblia na mão. A mulherada, algumas de cabelo comprido até a cintura, trataram de domar o ondulado dos fios, com uma espécie de óleo que os fazia grudar na cabeça.
Enquanto isso, mesmo no escuro da noite, as crianças brincavam de correr e jogar areia uns nos outros, sem se importar com os bichos.
E havia uma senhora, que habitava uma maloca de bambús, que parecia ser uma espécie de líder comunitária local. O pouco que tinha dividia com seus filhos naturais e adotivos. O menor foi submetido a uma pequena cirurgia, em que foi necessário extrair todos os dentes anteriores, pois que na verdade eram apenas cacos de raizes dentais. Ainda que não fossem permanentes, foi lamentável a perda.
Mas não estou hoje para falar de dentes, mas de encontros. De como fui feliz afastando-me de tudo o que costumeiramente faço. De ver o que vi, comer o que comi, conviver com quem convivi, com muita determinação.
De verdade, senti falta de muitas poucas coisas, tendo conhecido pessoas que tinham muitíssimo menos.
Ainda que eu ame tudo o que tenho e construí, sei que posso fazer tudo de forma diferente, se algum dia, desejar. Todo mundo pode.
Foram essas as coisas que me mostraram as pessoas que encontrei, e com quem na verdade troquei conhecimentos, assim que me propuz a ajudar, apenas tratando de trabalhar honestamente e tendo os olhos e coração abertos para o que se apresentar.
Beijos,
Márcia.
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A princesa coroada

Queridos amigos, Em uma localidade qualquer entre nada e lugar nenhum, na beirada do Rio Paraguai, encontrei uma princesa coroada. Ela veio com a mãe buscar alívio para uma dor de dente, tratada a base de chá de batata-doce, já havia uma semana e sem apresentar melhoras. Olhou com muita desconfiaça para o tratamento proposto, já que eu não queria extrair o dente, que era permanente demais. Mesmo após remover a cárie, capear e restaurar o elemento muitíssimo permanente, achou que eu estava de má vontade e muita preguiça. Para forçar amizade, propuz tirar uma foto, tendo como fundo a cortina divisória entre os consultórios. Amei essa foto e vou dividir com vocês, agora que descobri como postar sem ajuda de ninguém fotos no blog! Ela me encheu de alegria, acreditei que existe mesmo, apesar de tudo e ainda, escondidas nos lugares mais insuspeitos, todas as ilusões que perdemos. É como reencontrar um parente querido, que não visitamos há muitos anos! Beijos e apreciem!