quarta-feira, 1 de junho de 2011

A Era dos Impérios- Capítulo Três

A ERA DOS IMPÉRIOS

Neste capítulo o autor justifica o título da obra com duas colocações: a primeira, relatando que nunca em outro período histórico houve a quantidade de governantes que se auto-intitulavam imperadores, ou cuja diplomacia ocidental acreditava merecer tal título.
Era o caso da Turquia, da Alemanha, da Áustria, da Rússia e da Grã-Bretanha. Além dos imperadores orientais, oriundos da China, do Japão, da Pérsia, do Marrocos e da Etiópia, sendo que os dois últimos mais considerados por cortesia. E nas Américas, até o ano de 1889, sobreviveu o imperador do Brasil.
E num sentido mais aprofundado, foi a era em que um novo tipo de império colonial se estabelecia. Entre os anos de 1880 e 1914, houve uma divisão formal do mundo, em territórios de dominação política. Na verdade, uma parcela considerável de continentes tornou-se colônia de meia dúzia de Estados.
Os favorecidos foram, evidentemente, os pertencentes às partes mais econômica e conseqüentemente , militarmente desenvolvidas: Grã-Bretanha, França, Alemanha, Itália, Holanda, Bélgica, EUA e Japão.
Às custas dos países que ficaram à margem da Revolução Industrial, tais como Portugal e Espanha, antigos impérios europeus. Os despojos do Império Espanhol nas Américas e no Pacífico, ficaram a encargo dos EUA. Foi o caso de Cuba, Porto Rico e das Filipinas.
A maioria dos impérios asiáticos permaneceram independentes, muito embora, tenham sido delimitados como “zonas de influência”, devido ao seu desamparo político e militar. Algumas, como a Pérsia, sofreram administração direta, de acordo com o acordo anglo-russo de 1907.
A África e o Pacífico foram inteiramente divididos, com raras exceções: a Etiópia (que conseguiu resistir ao mais fraco dos Estados imperiais: a Itália), o Marrocos e a Libéria, considerada insignificante.
A primeira, teve seus territórios distribuídos entre os impérios : britânico, francês, belga, alemão, português e em menor escala, Espanhol.
Já o Pacifico foi fatiado entre os britânicos, franceses, holandeses, norte-americanos e alemães. Uma pequena parcela coube ainda ao Japão, não restando nenhum Estado independente.
Na Ásia, a Birmânia foi anexada ao império Indiano, que estava sob o domínio inglês, afirmando seu poderio nas áreas do Tibete, Pérsia e Golfo Pérsico. A Rússia avançou sobre a Ásia central, sobre a Sibéria e sobre a Manchúria.
Já os holandeses garantiram um controle mais efetivo nas regiões mais distantes da Indonésia.
Apenas uma parcela do planeta foi poupada: a extensão do continente americano. Isto ocorreu porque, na verdade, estava mais do que claro que, com exceção dos EUA, elas eram completamente dependentes do mundo civilizado. Por isso, foi a única região do globo em que não houve disputas entre as grandes potências.
Nem aos EUA, interessou a conquista das diversas repúblicas sul-americanas que co-existiam na década de 20, apenas o Canadá, algumas ilhas caribenhas, bem como parte deste litoral.
O autor considera que a criação de uma economia global única, foi o acontecimento de maior relevância do século XIX. Mas que a Era dos Impérios não se limitou aos aspectos econômicos e políticos, mas também culturais. Por meio do exemplo, os países dominados sofreram transformações sociais, ocidentalizando-se.
A ocidentalização, longe de ser vista como um aspecto negativo, foi uma proposta considerada efetiva pelas elites de governos diversos, como meio de sobrevivência e modernização. Foi o caso do Brasil, do México, e da Turquia (em seus estágios iniciais da Revolução Turca).
A ideologia predominante era o positivismo, tendo em Auguste Comte (1798-1857) seu principal mentor. O autor coloca que para as minorias ocidentais de vários tipos, o mais poderoso legado cultural do imperialismo foi essa: uma educação nos moldes ocidentais.
Em contrapartida, o mundo dependente ofereceu ao dominante o exotismo. O ocidente interessou-se imensamente pelas formas de espiritualização orientais. Também no campo das artes, foram aceitas as expressões dos dominados em pé de igualdade. Tanto isso é verdade que vemos influência das artes japonesas nos pintores franceses (como Monet), quanto nos defensores da art-dèco.
Mesmo as artes consideradas mais “primitivas” como era o caso das oriundas da Oceania e Àfrica, eram consideradas de primeira grandeza.
Mas nem tudo foram vitórias para as classes dirigentes. O Imperialismo gerou um tempo de incertezas, uma vez que nas metrópoles prevaleceu um sistema político eleitoral, democrático, enquanto que nas colônias, governava a autocracia. Além disso, uma pequena minoria de brancos efetivamente impunha-se à uma imensa massa destinada à inferioridade: assim preconizava os novos conceitos da eugenia.
O Império começou a ficar vulnerável, de dentro para fora. Imenso, desigual, global. A Europa, que vivia dos rendimentos do trabalho das denominadas “raças inferiores”, pouco a pouco preparava o terreno para a emancipação política e mais tarde, econômica, destes.

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