quarta-feira, 30 de julho de 2008

Procura da Poesia- Carlos Drummond de Andrade

(...) Penetra surdamente no reino das palavras. Lá estão os poemas que esperam ser escritos. Estão paralisados, mas não há desespero, há calma e frescura na superfície intata. Ei-lo sós e mudos, em estado de dicionário. Convive com teus poemas, antes de escrevê-los. Tem paciencia, se obscuros. Calma, se te provocam. Espera que cada um se realize e consume com seu poder de palavra e seu poder de silêncio. Não forces o poema a desprender-se do limbo. Não colhas no chão o poema que se perdeu. Não adules o poema. Aceita-o como ele aceitará sua forma definitiva e concentrada no espaço.

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