quarta-feira, 30 de julho de 2008

Coroação de Nossa Senhora


Houve um tempo em que as crianças eram como anjos e sentiam-se honradas em coroar Nossa Senhora. O privilégio cabia à aluna mais aplicada, áquela sobre a qual não caberia sombra de dúvida: modelo de virtudes, a quem todas as outras deveriam imitar.
Com algum esforço, todas tratavam de mostrar á madre superiora que eram dignas de tal honraria. No mês de maio, os cadernos vinham impecáveis, as mal-criações diminuíam e as mães degladiavam-se.
Ao final da coroação, ficava uma impressão de que o mundo era bom e perfeito, que todas as crianças no mundo estavam protegidas, e almoçavam e jantavam em suas casas.
Hoje perdemos muitas ilusões, vemos que o tempo da inocência passou. Buscamos algum reduto onde possamos exercê-la longe dos olhos da sociedade, para não sermos ridicularizados. Em nossas casas, escondemos nossas crianças do mundo. Ou imaginamos prepará-los para esse mundo, em doses homeopáticas, através dos recursos didáticos que vamos inventando com o coração, sem nunca termos a certeza de que estamos fazendo a coisa certa.
Vez por outra me pergunto por onde andarão aquelas crianças, se conseguiram concretizar os planos de seus pais e os seus próprios desejos, sob a bênção de Nossa Senhora.

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