terça-feira, 27 de setembro de 2011

A literatura indianista



     Abrindo um parênteses dentro da abordagem historiográfica brasileira a que me propus  nestes últimos posts, não poderia deixar de comentar sobre a contribuição da leva dos romances brasileiros, inspirados pelo mito do “bom selvagem” idealizado por Rousseau, para a redenção do elemento indígena  no imaginário do povo brasileiro.

     O homem selvagem, puro e despido de preconceitos, coube como uma luva ao ideal de herói romântico, posto que seria impossível aos escritores reportarem-se aos cavaleiros medievais, por motivos óbvios. Os negros, foram colocados à margem da história e da literatura, exceto, talvez, por Castro Alves.

     Para a elite aristocrática brasileira, tais romances começavam a incomodar, pois iam de encontro às propostas do IHGB.

     Em uma carta dirigida ao imperador, no dia 18 de Julho de 1852, Varnhagen o advertia a propósito do indianismo de Gonçalves Dias, que veiculava à imagem do indígena a de detentor da verdadeira brasilidade, em detrimento ao branco colonizador:


     “ (...) não deixar para mais tarde a solução de uma questão  importante acerca da qual convém muito ao país e ao trono que a opinião se não extravie, com idéias que acabam por ser subversivas”


     De fato, após a Proclamação da República, no ano de 1822, o Romantismo veio a firmar-se como o gênero literário da época. Dentre os autores indianistas, além de Gonçalves dias, com seu épico I-Juca-Pirama, destaca-se José de Alencar na prosa, com seus inesquecíveis romances O Guarani e Iracema. Nas artes plásticas, Victor Meirelles, que pintou a obra que ilustra este post: Moema.

     Longe de retratar a realidade indígena de sua época, tais romances tiveram o mérito de ressaltar a presença e a importância  de um elemento étnico que não fosse o branco. Importante lembrar que aos negros não foi dado o mesmo tratamento, tendo desde sempre sido colocado à margem da história.

    
Obs: A título de nos alongarmos um pouco mais sobre as questões e preconceitos que envolvem a cultura indígena, até hoje uma realidade em nosso país, sugiro a leitura deste post do professor Hugo Studart, que muito me comoveu:




Fontes bibliográficas:

Carta de Varnhagen ao imperador datada de 18 de Julho de 1852. In: LESSA. Clado Ribeiro de (org.) Francisco Adolfo Varnhagen. Correspondência ativa. Rio de Janeiro, INL, 1961, p. 187.


Nação e Civilização nos trópicos: O Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e o Projeto de uma História Nacional.
Autor: Manoel Luís Salgado Guimarães



http://www.masp.art.br/servicoeducativo/assessoriaaoprofessor-ago06.php




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