terça-feira, 16 de novembro de 2010

Jack Kerouac




Terminei de ler Satori em Paris, do pai dos Beats, o legendário...quem???
Eu explico. Viajando com minha família e alguns amigos no feriadão de 15 de novembro, comprei no aeroporto esse pocket-book, que li em menos de 48 horas, no carro mesmo. Adoro esses pockets e acho um dinheiro muito mais bem empregado do que aquele gasto em revistas.
Acontece que todo mundo ficou me gozando, por causa do livro. Quem é esse p...a ? O povo amigo acha que ocupo meus bits a toa, com coisas que não são práticas nem geram renda.
Eles até tem certa razão, mas nesse caso, erraram feio. Se você também não sabe de quem se trata, sinto muito, precisa nascer de novo!
Mas vou tentar ser legal, e falar um pouquinho do meu novo-melhor-amigo-autor-favorito-do-momento.
Alguns anos atrás, entrei em contato com os nomes da Contracultura, ao fazer um trabalhinho bacana para a faculdade. Todos faziam referencia ao Kerouac, como pai da "geração beat" , ou Movimento beat, que ocorreu nos Eua, final dos anos 50/início dos 60, que acabou por se tornar um verdadeiro movimento cultural, envolvendo artistas de diversas áreas, que buscavam uma vida mais livre, muitas vezes em comunidades, ou com o pé na estrada. Para entender o que significou esse movimento nos dias de hoje, seria preciso um esforco muito maior do que assistir ao filme Hair, ou A Juventude Transviada, com James Dean. O movimento Hippie se inspirou nos beats. Os Beatles, tiraram daí seu nome.
Depois dos Beats,a América nunca mais foi a mesma. Nem o mundo. Mas nem mesmo Kerouac conseguia explicar sem ser evasivo o significado da palavra Beat.
Sua prosa era espontânea, por vezes parecia uma metralhadora verborrágica. Não respeitava parágrafos, normas gramaticais.Por outras, era pura poesia, pois gostava de escrever ao som de sax. Escrevia para ser lido em voz alta.
Fala da minorias. Dos excluídos. Dos solitários. De uma geracão que rompe com aquilo que lhe é proposto, subverte as regras, busca a liberdade a margem da sociedade. Filhos da classe média buscam a marginalidade, o movimento surge de dentro das famílias abastadas para a periferia.
Aceita os desiguais, entra em contato com filosofias orientais e se deixa influenciar. Em um momento em que não se tinha tanto conhecimento a respeito das drogas alucinógenas, estas também passam a ser usadas como instrumentos de expansão da consciência.
Bob Dylan fugiu de casa, após ler ON THE ROAD, desse autor, assim como nosso cineata Hector Babenco.
Transcrevo, abaixo,um trecho de carta que o Kerouac escreve no México e envia a um amigo, em 1956, ainda quando não havia conseguido publicar nenhum de seus livros. Um ano depois, a lagarta transformar-se-ia em borboleta:

"O que tenho eu? Tenho 35 anos. Uma ex-mulher que me odeia e que gostaria de me ver na cadeia. Uma filha que nunca vejo. Um bolso vazio. Minha própria mãe após todos esses anos de labuta e lágrimas, ainda rala o rabo numa fábrica de sapatos. E eu não tenho um só centavo, nem para uma puta que preste. Maldito seja! Filho da puta! Às vezes penso que a úncia coisa que está pronta para me aceiTar é a morte. Nada nesse mundo parece me querer, ou lembrar-se de mim. Sabe o que acho dessa vida desprezível? Vou abandonar essa história de romances épicos e tentar a concentrar meu talento -se é que tenho algum- no que quer que não seja escrever. O que sei é que existem apenas dor e desespero aguardando por nós todos, especialmente por mim. Sou o mais solitário escritor da América, e vou lhe dizer por quê: porque escrevi seis longos romances desde mar;o de 1951 e nenhum deles foi aceito até agora, agora, AGORA!"

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