terça-feira, 12 de abril de 2011

São Jorge da Capadócia



Nascido na Capadócia, no ano de 275, Jorge foi Capitão do Império Romano, na época do Imperador Diocleciano. Sua história ficou conhecida, através de leituras de documentos apócrifos e baseia-se, em grande parte em lendas , que longe de serem confirmadas, ganharam força no imaginário popular da Idade Média, em que Jorge representava as virtudes de um verdadeiro cavaleiro cristão.
Conta a lenda que esse soldado romano foi enviado pelo rei da Líbia para resgatar sua filha, que havia sido raptada por um dragão e sob a promessa de que o rei tornaria a religião católica oficial. A imagem de Jorge montado em seu cavalo branco, trespassando o monstro ou a serpente com sua lança é a que chegou daquela época aos nossos dias. Perseguido pelos romanos, confessa sua conversão à fé católica e não abjura nem sob tortura, morrendo na Palestina, no dia 23 de Abril.
Em tempos difíceis para os primeiros cristãos, compreende-se o motivo pelo qual tornou-se mártir religioso, principalmente na parte oriental do Império Romano, futuro Império Bizantino.
Sua lenda seguiu de boca em boca, e afrescos foram pintados no interior dos refúgios subterrâneos de sua terra natal, como mostrei no meu último texto aqui no blog.
A exemplo do que ocorreu no Brasil, séculos mais tarde, quando os escravos negros obrigados a abraçar a fé católica, disfarçaram seus orixás com roupagens santas, nos primeiros anos do cristianismo romano, o mesmo ocorre. Jorge encarna-se em Ares e Marte, Deuses pagãos gregos e romanos que portam armaduras e estão relacionados à guerra.
Foi só no século VII, que sua lenda chegou à Europa, dizem que levada por um bispo que em uma peregrinação ao Oriente Médio, tomou contato com a história de São Jorge e acabou por relatá-la a outros religiosos, que incluíram seus feitos em dois livros que tornaram-se muito populares na Idade Média.
Jorge passou a encarnar as verdadeiras qualidades esperadas de um cavaleiro medieval: honra, coragem, desprendimento e adoração a fé cristã. Sua fama espalhou-se rapidamente por toda a Europa e em especial a Inglaterra, onde cavaleiros cruzados voltavam de suas empreitadas afirmando terem encontrado-se com Jorge, vestido em sua armadura romana e montado em um cavalo branco, auxiliando-os em pleno combate contra os hereges.
Empresta sua figura heróica a novas construções de mitos, tornando-se patrono de Portugal, de algumas cidades italianas,além da própria Inglaterra, até cair em desgraça com o advento do fim da cavalaria.
Com as reformas religiosas em curso, o culto a São Jorge acaba sendo renegado pela própria Igreja católica.
Hoje Jorge não é mais Santo do catolicismo, como muitos imaginam, mas permanece venerado nas camadas populares, tanto por católicos quanto por umbandistas, que o associam a Ogum, orixá que lidera caboclos, pretos-velhos e soldados romanos, além de ser o santo protetor do exército brasileiro e dos escoteiros mirins.

SALVE JORGE!

Nenhum comentário:

Postar um comentário