segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

O Cemberlitas Hamami




O hamam público de Cemberlitas foi contruido no ano de 1584, em Sulthanamet, bairro histórico de Istambul, durante o sultanato de Murat III. Foi mais uma obra do legendário arquiteto Sinan, que parece ter construído tudo o que existe por aqui.

Depois de um dia cheio de aventuras, com as pernas cansadas de tanto caminhar e o corpo escalavrado a beira da exaustão, nada melhor do que experimentar isso.

O Cemberlitas tem uma área reservada só para mulheres e lá fomos nós! Recebemos uma toalhinha e uma espécie de lençol quadriculado, para nos enrolarmos, além de uma calçola imensa que daria para vestir uma jubarte com decência.

Sem saber nem por onde andar, fomos levadas até uma porta de madeira imensa, que ao abrir-se revelou um interior das mil e uma noites. A arquitetura do tal Sinan era realmente uma coisa de louco, o teto abobadado, com umas estrelas e bolas que deixariam entrar uns feixes de luz solar, se estivéssemos de dia, claro. Logo abaixo, um enorme tablado de mármore completamente aquecido com caldeiras mantidas por escravos gregos e hebreus. Exagerei um pouco apenas para dar a dimensão do que era esse imenso salão de banhos, mistura de sauna e... algo que nunca vi antes na minha vida.

As mulheres de todas as idades deitadas na tal toalhinha xadres, sem a parte de cima do biquíni, numa boa...

Eu e mamãe ficamos um pouco ressabiadas, mas...vamos nessa. Aí uma senhora de idade que só falava turco tentava nos explicar como proceder sem muito sucesso.

Fomos imitando a mulherada e compreendemos o sentido muçulmano de “queimar no mármore do inferno” pois foi o que fizemos lá ,deitadas sobre aquele tablado por uma meia hora.

Fui acordada pela tal senhora que pegou uma luva de bucha e começou a esfregar minhas costas sem nem pedir licença. Parecia que estava nesse oficio há anos e era bastante mandona. Bracos, pernas, pés, costas, tudo foi devidamente esfregado e exfoliado com eficiência.

Em seguida, tratou de nos ensaboar de uma maneira tão estranha que não sei se me farei entender... ela enfiava a toalha numa espécie de balde com espuma, girava e enchia a toalha de ar. Em seguida, espremia a montanha de espuma e esfregava. Depois mandou que nos sentássemos num canto, onde havia uma fonte, em mármore. Ela falou na língua dela, mas entendemos tudo e não ousamos desobedecer. Para nossa surpresa, ela lavou e esfegou nosso couro cabeludo com a ajuda de um balde de água morna e mandou-nos para a jacuzzi.

Havia pelo menos meia dúzia de jovens mulheres lá, naquela piscina imensa, coberta e aquecida. Ninguém parecia ter vergonha de estar sem a parte de cima do biquíni, só nós.

Ficamos um tempo debaixo da cascata e resolvemos que já estava de bom tamanho para irmos embora.

Passamos então para um pátio interno, que era adornado com uma fonte no meio e tinha em volta bancos de madeira para descanso e áreas reservadas para a troca de roupa. Não aceitamos chá, nem café, nem suco e tratamos de nos vestir sem saber o que iríamos fazer para desembaraçar o cabelo.

Foi então que umas mulheres começaram a cantar e a dançar e essa parte foi muito bonita, porque tratava-se de um momento de alegria espontânea, sem nenhum outro intuito que não fosse a diversão entre mulheres. Mesmo sendo proibido fotografar lá dentro, não resisti pois tinha que dividir isso com meus amigos!






Amei essa experiência e recomendo muito, mas deixo aqui a dica, não deixem de levar um pente e um condicionador para sair com uma aparência decente e civilizada.

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